Arte, Experimentação, Política

FILME: O Mínimo Gesto (1971) | Fernand Deligny

Por: Nicolas Philibert | Trad.: Rodrigo Lucheta

 “Débil mental”, dizem os especialistas. Tal como é no mínimo gesto, ele o é na vida cotidiana que levamos juntos há mais de 10 anos…. Tal como é, para nós ele é uma fonte inesgotável de riso o tempo todo, desde que chega. E neste filme como na vida, portador de uma palavra que eu asseguro não ser a minha. Poderão dizer que ela seja dele? Mas por que é preciso dizer que as palavras pertencem a alguém, mesmo se esse alguém as pronuncia?”. (Fernand Deligny)

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Yves e Deligny“O Mínimo Gesto” de Fernand Deligny, Josée Manenti e Jean-Pierre Daniel é a história de um filme que não se parece com nada já visto. É de uma força rara e indizível. Um filme desviante, rodado fora das sendas batidas, fora de todo quadro de produção, sem técnica nem atores…

Estamos em 1963, em uma vila nas Cévennes onde Fernand Deligny encontrou refúgio com alguns remanescentes de La Grande Cordée, uma associação criada anos antes: “tentativa de levar a cabo a cura livre de adolescentes infratores, psicóticos, delinquentes”. O roteiro, manifestamente inventado no dia-a-dia, toma por base uma fábula inventada por Deligny: um garoto foge do asilo, um outro (Yves) parte em seu rastro, e erra longamente na paisagem…

Josée Manenti fez parte da minúscula equipe que acompanhou Deligny. Então uma jovem moça de 20 anos (que se tornará psicanalista posteriormente), Manenti pegava pela primeira vez numa câmera. O filme é talvez mero pretexto. Trata-se antes de tudo de criar matéria para estruturar, nutrir o cotidiano. Yves, por isso, será o ator. Manenti cercava-o há anos: ele é um dos sobreviventes (de La Cordée). Ela o filma com uma inacreditável percepção da luz e do enquadramento, antecipando cada um de seus gestos, cada um de seus mínimos movimentos, adivinhando o imprevisível.

Yves com a imagemNada de diálogos, mas a cada noite, retornando ao vilarejo, Yves fala sobre o seu dia em um gravador, produzindo monólogos ditos, berrados por uma voz vinda das profundezas. Inquietante, extraordinário. As filmagens durarão dois anos… A continuação não é menos surpreendente. Deligny e os seus deixam Cévennes. As dificuldades começam. Será necessário parar a montagem: falta de dinheiro. As imagens e os sons estão encalhados no fundo de uma mala, que eles carregarão durante quatro anos, de um lado a outro pela França. Em 1969, por intermédio de um amigo comum, a mala aterrissa em Marselha, na casa de um jovem operador, Jean-Pierre Daniel. Ele não conhecia nem Josée nem Deligny, e não sabia nada desta aventura, mas pouco a pouco ele vai se apropriar dessas imagens, vai montá-las, fabricar para elas um destino…

Hoje este filme nos é dado a ver. E essas imagens como que fora do tempo, essas imagens obscuras, luminosas, cruas, irredutíveis, são da maior intensidade…

Yves e a árvoreSINOPSE:

Yves é considerado pela instituição hospitalar como “ineducável e irrecuperável”. Acolhido aos cuidados de Fernand Deligny, educador singular cujas tentativas de curas livres recusam o ordinário dos métodos psiquiátricos, Yves se torna em 1963 o personagem principal deste filme rodado nas montanhas de Cévennes.

Yves e Richard fogem do asilo. Escondendo-se, Richard cai num buraco. A filha de um operário da pedreira próxima observa Yves sozinho e o reconduz ao asilo.

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FICHA TÉCNICA:

Título original: Le moindre geste.

Ano de lançamento: 1971.

Direção: Fernand Deligny, Josée Manenti e Jean-Pierre Daniel.

Roteiro: Fernand Deligny.

País de produção: França.

Idioma: Francês.

Legendas: Português brasileiro.

Duração: 81 min.

ELENCO:

Yves Guignard: Yves.

Richard Brougère: Richard.

Numa Durand: Numa.

Anita Durand: Any.

Marie-Rose Aubert: Marie-Rose.

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